17 de maio de 2017

Idas à pesca

Nunca simpatizei com a pesca. As poucas vezes que fui nunca pesquei grande coisa, a não ser a sensação de perda de tempo. Nunca achei piada aos picnic’s na praia. Digo picnic de pratos e panelas! Que coisa mais foleira de se fazer. Para a praia leva-se sandes e cervejas, quanto muito um ovo cozido, diria o meu pobre espirito. Mas afinal, o “porque não?” tem sido uma das minhas perguntas favoritas nos últimos tempos, deitando por terra alguns preconceitos fracamente pendurados.

Como os paus secos e duros são os que partem primeiro, recorri à minha flexibilidade ao aceitar o primeiro convite para ir à pesca na ilha da boa vista. 


Cedo percebi que o ir à pesca na Boa Vista, com esta turma, era diferente daquela ideia chata que tinha em mente. Vi entrar na caixa da pick-up panelas, carvão, utensílios de cozinha e especiarias que competem com as minhas na cozinha de casa. “Mas para que será tudo isto?”, pensava eu de olhos arregalados. No meu saco levava, claro, umas sandes e cerveja.

Mesmo sendo a Boa Vista uma ilha pequena, tem recantos lindos de conhecer. Por diversos caminhos, raramente com alcatrão, se descobrem paisagens deslumbrantes.


O único problema que vejo agora é ficar mal habituado. Se chego ao Guincho e houver mais de 10 pessoas, vou achar que está sobrelotado e venho-me embora.





O lançamento da cana é quase sempre um sucesso. Até eu pesco, vejam lá como o mar é generoso!




Na hora de comer, não se brinca. Como forte ingrediente temos o peixe que ainda tremelica quando lhe limpamos as escamas. Mas longe de ficarmos só por aí. Uma das vezes o passeio encaminhou-nos para um rebanho de cabritos. Pode-se dizer que “pescamos” um (é bem mais fácil do que o peixe) e, claro, foi parar à panela! 



Saem todos os utensílios trazidos do carro, como se fosse o momento e a hora do combate. Com uma ou duas panelas, já vi dezenas de receitas a serem feitas ao fogo, na areia da praia. E a quem chateia o fumo ou os cheiros, se estas paragens andam sempre desertas?


Do cardápio, e para dar uma breve ideia, já tivemos percebes, peixe grelhado, caldo de peixe, petisco de porco, cabritada ou massada de peixe. Mais do que em alguns restaurantes em Sal Rei…


No fim, no mar, ficam os donos. Num convívio que começou a ser rotineiro, vemos diversos tubarões à beira mar. Pequenos, calmos, mas tubarão é tubarão e aqueles dentes são um temível cartão-de-visita. Também eles petiscam os restos da pesca e o dia sorri a todos…


No final do dia, não sei muito bem quantos peixes se pescaram, nem faz parte das minhas preocupações. Por vezes nem toco numa cana. Vamos para casa cheios de energia, prontos para a semana de trabalho e a magicar onde será passado o próximo Sábado.